O trabalho realizado no
contra turno aos alunos com deficiência tem como objetivo desenvolver habilidades para
que os mesmos participem das aulas, na
realidade asseguramos a SALA DE RECURSOS será que teremos
competências de garantir que as crianças
e jovens freqüentem e aprendam de verdade?
Na verdade o foco do trabalho não é clínico. É pedagógico. Nas salas de
recursos, um professor prepara o aluno para desenvolver habilidades e utilizar
instrumentos de apoio que facilitem o aprendizado nas aulas regulares. "Se
for necessário atendimento médico, o procedimento é o mesmo que o adotado para
qualquer um: encaminha-se para um profissional da saúde. Na sala, ele é
atendido por um professor especializado, que está lá para ensinar", diz
Rossana Ramos, especialista no tema da Universidade Federal de Pernambuco.
Os
exemplos de aprendizagem são variados. Estudantes cegos aprendem o braile para
a leitura, alunos surdos estudam o alfabeto em Libras para se beneficiar do
intérprete em sala, crianças com deficiência intelectual utilizam jogos
pedagógicos que complementam a aprendizagem, jovens com paralisia descobrem
como usar uma prancheta de figuras com ações como "beber água" e
"ir ao banheiro", apontando-as sempre que necessário.
"Desenvolver essas habilidades é essencial para que as pessoas com
deficiência não se sintam excluídas e as demais as vejam com normalidade",
diz Maria Teresa Mantoan, docente da faculdade de Educação da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), uma das pioneiras no estudo da inclusão no
Brasil.
HORA DE
CONTAR Alunos com deficiência intelectual estudam numeração associando
placas a faces do dado.
Também
vale lembrar que o trabalho não é um reforço escolar, como ocorria em algumas
escolas antes de a nova política afinar o público-alvo do AEE. "Era comum
ver nas antigas salas de recursos alunos que apresentavam apenas dificuldade de
aprendizado. Hoje, a lei determina que somente quem tem deficiência,
transtornos globais de desenvolvimento ou altas habilidades seja atendido
nesses ambientes", afirma Maria Teresa. Com o foco definido, o professor
volta a atenção para o essencial: proporcionar a adaptação dos alunos para a
sala comum. Cada um tem um plano pedagógico exclusivo, com as atividades que
deve desenvolver e o tempo estimado que passará na sala.
Para
elaborar esse planejamento, o profissional da sala de recursos apura com o
titular da sala regular quais as necessidades de cada um. A partir daí (e por
todo o período em que o aluno frequentar a sala de recursos), a comunicação
entre os educadores deve ser constante. Se o docente da turma regular perceber
que há pouca ou nenhuma evolução, cabe a ele informar o da sala de recursos,
que deve modificar o plano. Outra atitude importante é transmitir o conteúdo
das aulas da sala regular à de recursos com antecedência. "Se a turma for
aprender operações matemáticas, é preciso preparar o aluno com deficiência
visual para entender sinais especiais do braile", exemplifica Anilda de
Fátima Piva, professora de uma sala de recursos na EMEF João XXIII, em São
Paulo.